A violência tem um efeito devastador sobre a autoestima da mulher.
A discriminação, os insultos verbais, os sentimentos de perda e os maus tratos, a degradação e a humilhação, características da violência contra a mulher, comprometem a autoestima feminina e
sua capacidade de reação e perpetuam o sentimento
de subordinação (Heise & Garcia-Moreno, 2002).
Estudos mostram ainda alguns estados emocionais que as situações de violência podem fomentar: “Tristeza, insegurança, sentimentos e pensamentos persecutórios, auto e heterodestrutividade, rebaixamento de autoestima, irritabilidade, labilidade, intolerância e agressividade passam a fazer parte do repertório emocional dos sujeitos envolvidos”.
Estes estados emocionais quando não devidamente acolhidos e redimensionados podem contribuir para aumentar as dificuldades no enfrentamento à situação vivida e até fomentar quadros psiquiátricos.
A associação entre o campo de estudos de gênero, saúde mental e violência foi abordada em um recente estudo de Santos (2009), no qual a autora questiona a “concepção reducionista e biologizante” na abordagem e atenção à saúde mental das mulheres.
5) Saúde Mental da população LGBTQIA+:
A sociedade estabelece, segundo Goffman (2004), os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias.
Refere ainda que a estigmatização pode ser vista como uma forma de classificação social pela qual um grupo – ou indivíduo – identifica outro segundo certos atributos seletivamente reconhecidos pelo sujeito classificante como negativos ou desabonadores.
Além do crescimento da violência descrita anteriormente, o impacto do estigma e da discriminação sofridos por essa população, principalmente pelas pessoas trans, ainda é um outro grande problema que produz impactos na saúde mental.
De acordo com o documento do Ministério da Saúde sobre a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT (2013), a discriminação por orientação sexual e por identidade de gênero incide no processo de sofrimento e adoecimento decorrente do preconceito e do estigma social.
6) Saúde mental dos adolescentes privados de liberdade:
A criminalidade e a violência urbana praticada por adolescentes têm sido objeto de discussão na atualidade. O Relatório Mundial sobre Violência e Saúde (OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002) aborda a violência como um problema de saúde pública.
Nesse sentido, é imprescindível o enfoque prioritário da promoção de saúde nas políticas do socioeducativo destinadas ao adolescente autor de ato infracional.
O adolescente atravessa um período da vida com modificações corporais, construção de identidade e definição de papéis sociais que permitirão a inserção na vida adulta. Assim, o adolescente busca experimentar incessantemente diferentes maneiras de viver, podendo por vezes praticar atos violentos (MELLO, 2006).
O adolescente que se encontra em privação da liberdade (internação) deve ser acompanhado por estabelecimento educacional e assistido por programa pedagógico pautado na cidadania, convivência comunitária e familiar, escolarização, profissionalização, saúde e inclusão produtiva (SINASE, 2006). Nesta mesa vamos discutir a saúde mental dos adolescentes privados de liberdade.
Referências:
Carla Aparecida Arena Ventura, Saúde mental e vulnerabilidade: desafios e potencialidades na utilização do referencial dos direitos humanos. https://bit.ly/2DG7aqH
PUSSETTI, Chiara. Identidades em crise: imigrantes, emoções e saúde mental em Portugal.
Marianna Queiróz Batista e Valeska Zanello: Saúde mental em contextos indígenas: Escassez de pesquisas brasileiras, invisibilidade das diferenças.
O impacto do racismo na saúde mental da população negra. https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/01/26/O-impacto-do-racismo-na-sa%C3%BAde-mental-da-popula%C3%A7%C3%A3o-negra.